Sempre
conversei com um colega sobre o comportamento famigerado de estudantes universitário.
Gostávamos de ficar em locais movimentos da universidade, para poder observar
as idas e vindas de alguns, as conversas paralelas entre uma aula e outra e ouvir
os comentários maldosos que eles costumam fazer sobre seus professores, que também
são nossos, claro.
Essa
era umas das atividades divertidas de fazer dentro da universidade, porque
tínhamos a oportunidade de observar o ser humano em seu momento de tensão e
relaxamento: tensão porque estava dentro da universidade, local que,
naturalmente, já te impões algumas regras a seguir e metas a alcançar; mas
relaxamento, porque eram momentos em que respirávamos (e eles, os observados,
também estavam nesses momentos).
Mesmos
nas nossas melhores observações, nunca conseguimos definir bem aquelas mentes
(que às vezes nos dava ânsia de vômito – tem muita gente idiota nas
universidades mundo a fora), que dentro da sala fingiam amar o professor e,
fora dela, faziam piadas e imitavam seus problemas de tiques nervosos. Mas, tudo bem, ser humano é assim
mesmo, naturalmente falso.
Certa
vez e sem a companhia do meu companheiro de guerra observatória, fui ao
restaurante universitário do câmpus. Ali sim é um laboratório e tanto para
essas observações. Aquele monte de estudante fazendo barulho feito animais
irracionais, mastigando a comida como se a odiasse e quisesse estrangulá-la
entre os dentes, com manias e hábitos pré-históricos à mesa. Que horror!
Ali,
mesmo sem meu caderno de anotações à mão (eu gosto de anotar algumas impressões
enquanto observo), consegui anotar diversas ideais sobre aquele bando de
crianças que brincam de ser adultos. Naquele ambiente, a criança aflora em cada
um e o babador que a mamãe põe abaixo da boca do bebê seria, com certeza, bem-vindo.
Sabe
de uma coisa? Observação dessa natureza causa enjoo na alma, porque conseguimos
ver no outro as nossas mazelas.